sábado, setembro 23, 2006

Hey!!!!!!!!!
Tirando as teias again... Desculpem pelo sumiço, de verdade!
Sabem como é. Vida corrida, agenda lotada, cabeça girando de tanta coisa pra fazer, juntamente com uma horrenda crise criativa significam blog parado.
Mas agora o Ino-Ins tá de volta. Espero que agora volte pra valer. Pelo menos o post da semana que vem já está garantido, pelo mesmo motivo do post dessa semana.
Sim, o conto aqui postado foi escrito como presente de aniversário para alguém muito especial. Se há alguém no mundo que eu posso chamar de minha irmã, é ela.
Minha melhor amiga, triplamente irmã, companheira de horas tristes e felizes.
Isa.
Isa, eu sei que seu aniversário foi ontem e que eu já te parabenizei pessoalmente, por telefone, pelo orkut e pelo msn. Mas mesmo assim, parabéns de novo!
Eu sei que o conto não está grande coisa, mas mesmo assim... O que vale é a intenção, né? ><'
Beijos a todos, e comentem!
Semana que vem tem mais conto de aniversário, mas da Liv xD~

ps- sim, é a Isa na foto =P
ps2- nya, já enrolei demais. aí vai o conto!

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Castitatis Lilium

Foram os raios de sol, ao atravessarem a janela, que a acordaram naquela manhã. Espreguiçando-se, ela sorriu, aquele sorriso infantil, com os olhos fechados e as bochechas rosadas, como se o sol estivesse fazendo-lhe cócegas.

Mas não estava. O que ela pensava serem cócegas era, na verdade, um chamado carregado de urgência.

Cantarolando, a pequena levantou-se e traçou uma trilha pelo quarto, saltitando como se flutuasse, e, embora ela não notasse, os lugares por onde ela passava pareciam mais brilhantes e cheios de cor.

Foi quando seus olhos amendoados pousaram sobre o objeto que ela procurava: a pequena caixa de música no canto da prateleira. Segurou-a. O objeto era pequeno suficiente para caber na palma de sua mão. Abriu-a e girou entre os dedos de fada a chave de ouro, libertando a música que antes estivera cantarolando.

Aquela música fazia com que ela quisesse dançar. E foi o que ela fez. Rodopiava na ponta dos dedos, os braços formando um arco perfeito. Saltava graciosamente como se estivesse sobre nuvens, as ondas perfeitas de seus cabelos dourados se movimentando e emoldurando-lhe o belo rosto de feições delicadas. Interpretava cada nota de modo que cada passo viesse do fundo de seu coração.

Borboletas entravam voando pela janela, juntamente com as flores carregadas pelo vento leve e perfumado.

Por ela. Para ela. Ela não sabia, mas era por ela que as pessoas continuavam sorrindo. Enquanto ela dançasse, as cores ainda fariam brilhar os olhos dos seres vivos na terra.

...E enquanto ela permanecesse inocente, ainda haveria inocência no mundo. Era essa a razão para ela não saber da responsabilidade que tinha. Era por isso que ela ignorava o próprio poder. Se ela o conhecesse, o poder que sustentava a vida na Terra corromperia a si mesmo, roubando da pequena seu brilho, sua inocência, o amor pelas pequenas coisas que fazia nascer aquele sorriso infantil de que a humanidade tanto precisava.

E a história se repetiria por muitos dias e muitas noites, até o fim do mundo. Toda manhã ela abria os olhos, brindava o dia com seu sorriso e dançava, invocando inconscientemente as flores e as borboletas.

E assim, quando fechasse os olhos à noite, o mundo estaria seguro, pois a essência de sua dança permaneceria. E quando esta estivesse se extinguindo, os raios do sol acordariam novamente sua salvadora.

O Lírio da Pureza.

sexta-feira, junho 23, 2006


Post novo, ou meio-post... sei lá. Esse aí meio diferente, num sei. Vou postar a segunda parte assim que eu tiver alguma ideia (ruim, que seja) de como termina essa bagaça aí. Provavelmente até a próxima quinta-feira ou sexta-feira.

Bjos =*** e comentem!

*segredinho pra vocês: dia 7 é aniversário da Amy (e Amy não é apelido de internet não, eu realmente chamo ela assim)*

Uma dose de whisky barato

Quantas lembranças boas daquele lugar, daquelas pessoas, de sua família, de sua infância. Finalmente voltava para um lugar que poderia chamar de seu, um lugar acolhedor que poderia chamar de lar.

Ainda era jovem, e havia se divertido como nunca imaginou antes, mas cada vez que lembrava dos sorrisos que ficaram pra trás sentia uma saudade muito boa. Então, por que não voltar e revê-los?

Sempre foi muito decidido sobre o que fazer, e enquanto se questionava sobre isso já estava cavalgando através dos desertos montado num trovão.

Como era boa a sensação que Bernard sentia ao pilotar sua Harley-Davidson FXR naquelas rodovias desertas, de retas tão distantes que se perdiam de vista.

Sentir o asfalto deslizando por sob as rodas de sua motocicleta, ver a linha do horizonte sendo distorcida pelo calor, sentir o vento batendo no rosto desprotegido e queimado pelo sol e os cabelos compridos chacoalhando em sua nuca eram as sensações que mais lhe faziam se sentir importante e imponente.

O mundo pertencia a ele, e o mundinho que queria ver agora era aquele lugar de suas lembranças.

Uma lágrima carregada pelo vento deslizava em direção às suas orelhas e o Sol se punha à sua frente. Até o Sol estava a seus pés.

Apreciando a paisagem e ao mesmo tempo pensando no que iria encontrar no fim dessa estrada. Apesar no fim dela parecer nunca estar lá, um dia, ele sabia, a estrada terminaria.

Pode-se dizer que estava feliz, ansioso, receoso talvez, mas certamente animado. Sorria, e o vento cortava seus olhos, que lacrimejavam, talvez de emoção, mas ele preferia acreditar que era realmente o vento.

Deu uma risada e uma leve acelerada. Berrou algo como “yeaaaah” com todas as forças que seus pulmões podiam agüentar, soltou uma das mãos do guidão e tateou a jaqueta de couro procurando pela garrafinha de Jack Daniel's que estava fechada com uma rolha. Desarrolhou-a com os dentes e tomou a ultima dose de um só gole. Sacudiu o braço e atirou a garrafa ao chão que se espatifou e espalhou pedaços de vidro pelo asfalto preto.

Olhou para trás e o céu já estava escuro ao leste. Deu “boa noite” e “até logo” às luzes da última cidade que sumia de vista e encarou a estrada a sua frente.

A noite avançava e, impiedosamente junto com ela, o cansaço.

Parou no primeiro bar que encontrou a beira da estrada. O lugar era pequeno e escuro (como em todo bar clichê em beira de estrada), mas ainda assim acomodava facilmente duas mesas de bilhar, umas três prostitutas, uma prateleira com todo tipo de bebida barata (provavelmente contrabandeada) e muitos encrenqueiros.

Sem demonstrar nenhuma emoção ao ver um bêbado quebrando uma garrafa na cabeça de um bigodudo que tinha os olhos vermelhos e o nariz sangrando, Bernard entrou empurrando a porta com um dos pés. Dirigiu-se diretamente ao balcão e pediu um café duplo e outra garrafa de Jack Daniel's. Só precisava se manter acordado por alguns quilometros.


Voltou para a estrada e pilotou por mais vários minutos. Parou para abastecer a motocicleta e urinou atrás de uma placa de limite de velocidade.

Faltavam ainda algumas horas para o sol voltar a surgir quando viu a placa meio enferrujada que dizia o nome que ele esperava ler. Parou, levantou-se, respirou fundo e decidiu que antes de procurar pelas pessoas tão queridas ele precisava tomar um banho. Elas mereciam.

sexta-feira, junho 16, 2006

Olá!
Nem uma semana sem postar... Nada mal pra quem já ficou cerca de um mês sem dar as caras, não?
Pois é. É que felizmente, o dia dos namorados, juntamente como uma manhã chatíssma na escola e minha condição de garota sem namorado e dona de uma vida amorosa mais embolada do que teia de aranha, me inspirou.
Dessa vez não tem surpresa no final. Pelo menos EU acho que, dessa vez, eu deixei a 'surpresa' bem óbvia o tempo todo...
Enfim. Vou parando por aqui. Fiquem com o texto e, por favor, comentem =)


Voe Para Sempre

Lá do alto,de onde estava, ela podia ver o movimento da cidade de ummodo especial. Pessoas e animais estavam reduzidos a minúsculos pontinhos peludos que andavam para lá e para cá.

Um dia como outro qualquer?

Não.

Aquele dia era tomado por uma atmosfera diferente. Lojas, restaurantes, lanchonetes e casas cobertas de vermelho e as ruas apinhadas de gente, uma gente cujo sorriso se estendia de uma orelha à outra e cujas risadas e gritos de felicidade ecoavam de tal maneira que chegavam quase intactos aos ouvidos da figura que observava de longe toda a cena. Flores por toda parte, nos jardins, nas vitrines e nos braços das pessoas (nesse caso, elas se dividiam entre as que eram carregadas cuidadosa e carinhosamente até a pessoa a quem seriam dadas de presente e as que já haviam chegado ao destino final e eram banhadas por lágrimas de felicidade ou simplesmente sorrisos). Jovenzinhas que se atiravam sobre seus amados, derrubando ambos no chão e demonstrando o quão felizes haviam ficado com o presente e/ou declaração que haviam recebido...

Havia também as pessoas que se isolavam em um cantinho, lamentando o fato de não ter ninguém com quem dividir aquele momento ou chorando a perda recente do companheiro, que não poderia ter vindo em pior hora.

É... Era dia dos namorados.

Ela suspirou ao pensar que ela própria deveria estar entre os muitos jovens apaixonados que estava vendo.

Juntamente com ele.

Seria o terceiro dia dos namorados que passariam juntos. Droga... Tão pouco tempo! Não, não podia ser justo. Eles tinham tantos planos... Falavam sempre de um futuro no qual estariam juntos... E ela gostava tanto de pensar naqueles planos! No dia em que se casariam e teriam três filhos... No modo como se amariam para sempre, amariam seus filhos e os ensinariam a amar a vida e as pessoas... Nas canções de ninar que cantariam...

No modo sereno como manteriam seu amor quando já estivessem velhos e já não pudessem mais vivê-lo tão intensamente quanto na juventude...

Mas tudo estava acabado. Nada daquilo iria chegar a acontecer. Nada.

Nada... Fim... Aquelas eram palavras tão pequenas, tão vazias, mas tão cruéis! Ela nunca pensou que um dia as usaria para se referir ao seu romance. Logo o seu, que era tido como modelo, invejado por quase todos os seus amigos (ainda que, segundo eles, fosse apenas uma invejinha boa)...

Definitivamente, era injusto. E irônico.

E triste. Era tudo tão... Errado!

O vento tocava seu rosto jovem e belo, lembrando-a do toque dele. Sempre gelado, suave e carinhoso. Sempre fazendo com que ela fechasse os olhos e sorrisse.

Sempre a guiando ou enchendo-na de emoções que a guiavam.

Deixou-se levar pelo vento, flutuando juntamente com seus cabelos claros e o tecido branco e leve que lhe cobria o corpo.

Ah, que saudades...

Se ele a estivesse vendo naquele momento, diria que ela parecia um anjo, que ela era um anjo. Exatamente como fizera na vez em que ela chegara mais perto de estar como estava naquele momento, em uma praia deserta, durante o pôr-do-sol e correndo a favor do vento.

Por outro lado, não fazia sentido pensar naquilo, uma vez que se ele pudesse vê-la naquele momento, ela não estaria daquele jeito.

Mas era algo em que ela gostava de pensar. Seria tão bom estar daquele jeito se não fosse por... bem, por tudo o que aquilo acarretava...

Era uma sensação de liberdade e leveza que ela jamais imaginou experimentar algum dia.

Confiar totalmente em algo que não se pode ver, mas que se sabe que faz bem.

Voar
.

Bebeu cada segundo em que pôde desfrutar daquele momento tão surreal com a mesma sede com a qual um nômade do deserto beberia o primeiro cantil que visse em um mês, e então um dos pontinhos abaixo de si chamou sua atenção.

Um pontinho cabisbaixo, afastado de todos os outros.

Ele
.

Ao aproximar-se, ela pôde notar, apesar de ele estar de costas para ela, que ele chorava. Chorava, olhando atentamente uma placa de granito e tinha flores nos braços.

Na última vez em que eles haviam se visto, há exatos três dias, ele também estava chorando e também tinha flores nas mãos.

Flores que ele não tivera tempo de entregar.

A simples lembrança daquela cena a deixava com ganas de chorar.

Doía vê-lo chorar, ver a dor dele transbordar de seus olhos e cair em seu coração como uma agulha, sabendo que a culpa era sua.

E mais dolorosa ainda era a terrível sensação de impotência que sentia diante daquilo. Queria abraçá-lo, dizer a ele o que sentia, mas seu corpo já não a obedecia e ela teve que partir, assistir a figura dele sumir aos poucos diante de seus olhos juntamente com todos os seus sonhos.

E então, ali estava ela.

Tocou com os dedos finos o rosto que tanto amava e que lhe estava tirando o descanso. Sorriu.

Ele sentia sua presença, ela sabia que ele sentia.

Ele sorriu também, fechou os olhos e sussurrou o nome dela. Sem tristeza, pesar ou pranto. Apenas com amor, saudade e leveza...

Como se quisesse confirmar sua presença, ela tocou-lhe a testa com os lábios num gesto quase maternal e sussurrou, como uma fada:

-Fique bem... Minha criança amada...

A resposta dele foi abrir os olhos, confuso, e olhar ao próprio redor. Não, aquilo era demais para a cabeça dele!

Por mais que fosse tudo o que mais desejasse.

Mas, ao perceber que de fato não havia mais ninguém lá, ele resolveu acreditar. Preferiu pensar que era real a aceitar a hipótese de que era uma simples alucinação.

-Vou tentar... Prometo.

Estendeu a mão gelada e tocou a moldura dourada do pequeno retrato colado na placa à sua frente e depois acariciou ternamente o rosto ali gravado.

-Amo você.

Concluiu sua fala e saiu andando de costas com o olhar perdido, cena que ela observava debruçada sobre a placa de granito na qual estavam gravados seu nome e seu rosto, juntamente com três palavras: "Voe Para Sempre".

domingo, junho 11, 2006



E volta a desaparecida depois de um ano sem dar as caras... Bem, pelo menos agora o May voltou à ativa e blog não vai mais ficar tão abandonado quanto ficou durante o curto período em que o administrei sozinha.
Tentei escrever algo novo para esse post. Tentei mesmo. Mas não saiu, infelizmente...
Tentei terminar um continho inacabado que eu tenho no pc desde fevereiro... mas também não deu porque eu estou passando mal.
Aí resolvi postar esse texto mesmo, o único acabado ainda não postado e que não é uma fanfic que eu tenho aqui...
Pessoal demais? Bobinho? Sem sentido? Sem final? Sem propósito? Sim. Mas quem se importa? Prometo que o próximo post será melhor.
Esse texto nasceu de uma conversa minha com meu querido amigo, anjo e ái postiço nas horas vagas, Duh [que aqui comenta como Khronos] em que ele recomendou que eu me fechasse por um momento em minha própria mente e saísse escrevendo o que aparecesse lá. Bem, saiu isso...

Mundo de sonhos

Ela sorriu de leve e estreitou os olhos quando o sol beijou-lhe a face. Sentia um tremor conhecido no coração, como era de se esperar. Até a mais insignificante das coisas, como uma carícia suave do sol, podia enchê-la de sentimentos tanto bons quanto ruins enquanto às vezes via coisas de muito impacto que não lhe tocavam nem um pouco.
Uma única frase ou palavra podia deixá-la horas pensando, fincar raízes em sua mente, se modificar e quem sabe ir parar na boca de algum de seus amados personagens, ou até gerar toda uma história, mas um discurso feito para levar as pessoas a pensar às vezes passava totalmente despercebido.
Sim, ela era esquisita.
Amava demais, odiava demais, temia demais, achava demais.
Sentia demais.
Essa era a razão para sua instabilidade. Por isso ela agia como queria quando queria. Por isso às vezes ela se fechava em um mundo só seu, pensando e pensando, alheia a tudo que se passasse à sua volta. Tinha tantos sentimentos que não os conseguia guardar! Eles simplesmente transbordavam sem que ela pudesse fazer nada para impedir...
Havia aqueles que eram seus e sempre haviam sido, claro... E havia também os que ela havia pegado emprestados simplesmente porque gostava de senti-los. Porque queria senti-los. Para entender tudo...
Ela achava que só sentindo entenderia o mundo, entenderia as pessoas. Achava que a verdade estava nos sentimentos. E isso às vezes saía do controle...
Antes que ela pudesse perceber, já se encontrava de tal maneira que as pessoas ririam dela se soubessem que escondia nas profundezas da alma.
Amava o que muitos odiavam justamente por ter querido saber a razão do ódio, via coisas que ninguém via, explorava o que para os outros parecia simples e vazio (e encontrava nessas coisas todo um mundo!), nutria sentimentos por algumas pessoas que jamais seriam recíprocos e amava até o que não era real!
Amava seu mundo de sonhos, as pessoas inventadas que pegara emprestadas dos livros e também aquelas que ela mesma criara. Amava situações que apenas desejava e outras com as quais sonhara, e as tinha como lembranças de sua vida, carregando-as junto a si até mesmo quando se encontrava no cinzento e sem-graça “mundo real”.
Seu mundo era bonito, nele só entravam coisas e pessoas boas, bons sentimentos e aquilo que poderia gerar poesia. Lá, ela era bela e poderosa, tinha poderes mágicos e conseguia tudo o que queria. As pessoas que amava sempre a entendiam e nunca a magoavam e as pessoas que não amava nem ao menos se aproximavam dela. Simplesmente a ignoravam. E ela as ignorava.
O mundo real era incorrigível. Nele, aconteciam coisas horrendas, as pessoas tinham idéias e leis sem fundamentos que não ajudavam ninguém, só causavam a discórdia. Os inocentes sofriam sem merecer e existia gente que não se importava com o sentimento alheio. Havia até mesmo gente que, oh, que afronta, não se importava com sentimento nenhum!
Mas apesar de tudo, o mundo real não era de todo ruim. Era dele que havia tirado a maioria das coisas de seu próprio mundo, afinal.
Só não era saudável viver lá o tempo todo...

sexta-feira, junho 02, 2006


Dessa vez eu vou postar, não não é um conto como sempre, até pq eu to muito sem inspiração pra ada mesmo. Eu sei que o texto ficou uma droga mas foi o que me deu vontade de escrever depois de quase três semanas sem um post.
acho q pouca gente vai entender este texto e eu não estou disposto a explicar.
Mas enfim, interpretem como quizerem.

Primeiro monólogo


“I'm so far away
And so alone
I need to see your face
To keep me sane
To make me whole

Try to stay alive
Until I hear your voice
I'm gonna lose my mind”

Passando pelo corredor, eu reparo em algo que nunca havia visto ali antes. Não que nunca estivesse ali, mas só agora percebi que a figura que está refletida ali sou eu. Que dali eu posso ver a mim mesmo do ponto de vista de outra pessoa. Tentei conversar com aquela estranha figura. Talvez ele conseguisse responder minha perguntas.

Espelho, meu amigo, pode me dizer o que há de errado com minha cabeça? Todos os equívocos que tenho cometido não param de me afligir, e a cada segundo que passa minha consciência fica mais pesada.
O que essa obsessão possessiva fez com meu bom-senso?
Sabe, espelho, fico pensando no que eu deveria fazer agora, que tudo parece estar perdido. Já me disseram que eu deveria simplesmente esperar o tempo passar, mas quanto tempo? Quanto tempo escaparia pelas minhas mãos sem que eu pudesse fazer nada? Mas por sempre querer fazer alguma coisa, por sempre ser impulsivo quando tudo parece estar dando certo acabo tropeçando nos mesmos buracos de antes.
Você pode me dizer o que eu devo fazer agora? Já tentei consertar alguns erros, mas cada tentativa parece abrir um novo abismo ainda mais fundo entre eu e meu objetivo. Um abismo escuro entre eu e minha felicidade.
Cada passo que eu dou, não importa a direção, me leva para trás e para longe.
Me diga, por favor, o que eu faço agora que meu único intuito desaparece de meu alcance? De que vale uma vida sem metas? Sobrevivo, mas até quando lutarei contra mim mesmo pra me levantar e encarar o mundo todos os dias?
Obrigado por ter me escutado, mesmo que não tenha me respondido.
Sei que é tão difícil para você quanto para mim ter que responder a isso, mas mesmo assim obrigado.
Esse rosto que você me mostra não me diz o que você pensa, mas ainda assim posso perceber que consegue me ouvir com atenção.
Espero que algum dia você também me diga algo.

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terça-feira, maio 16, 2006


Post.
Acho que dessa vez vai. (Comente por favor ¬¬)

Anjo de Cera


Doentio. Era a única palavra que poderia descrever a sensação que aquele cenário transmitia aos espectadores daquela cena bizarra. Como alguém poderia ter feito algo assim?


Ele estava escondido dentro daquele pequeno barco, aguardando-a para seguí-la e pôr em prática seu plano. Diabólico, artístico, belo, macabro. Era sua obra. É como seria lembrado, mesmo que seu verdadeiro nome fosse desconhecido.

Aquela pobre jovem. O que seria dela se sua vida seguisse seu curso natural? Uma casa pequena, com muitos filhos, uma vida de submissão que era vista por muitos naquele lugar como a única forma de contentar ao Senhor e de portanto, ser feliz. Mas tamanha beleza e jovialidade deviam serem conservadas para sempre.

O Sol desaparecia por detrás das colinas na outra margem do rio. Era a hora.

Andava alegremente mesmo depois do trabalho duro no tear. Sozinha, com os cabelos castanhos ao vento, aquela frágil e indefesa criatura quase despertava um sentimento de piedade no coração daquele que a amava e que a espreitava.

Esperou até que ela tivesse avançado alguns metros além do ponto onde estava o barco onde se escondia. Levantou-se, caminhou até ela e com um movimento rápido tampou-lhe a boca e as narinas com um pano impregnado com um forte anestésico que a fez adormecer quase instantaneamente.

Carregou o corpo de belas formas até uma pequena cabana que ficava um pouco mais para dentro da floresta e entrou. A banheira, já preparada, fumegava levemente e desprendia um doce aroma floral. Despiu-a e mergulhou-a na água quente. Seu corpo era magnificamente belo, tinha seios arredondados com mamilos ligeiramente rosados como seus lábios, suas ancas faziam uma curva suave até as pernas torneadas, a púbis era coberta por poucos e curtos pêlos castanhos que pareciam dourados quando refletiam a luz espectral das velas que iluminavam o ambiente.

Pôs a mão em seu colo e afundou-a até cobrir totalmente seu rosto e seus cabelos sob a água. As bolhas de ar que saiam de suas narinas eram acenos de despedida que a vida dava àquele belo corpo.

Retirou-a da banheira e colocou-a sentada no sofá vermelho de veludo e com aquele modelo esculpiu com cera, a mais perfeita representação da beleza humana, passou horas, certamente mais de um dia inteiro, pois quando a estatuária estava pronta já era noite novamente mas seu trabalho não estava terminado.

O corpo merecia descansar.

Colocou-a, ainda nua, em um belo caixão de mogno sustentado por pedestais de bronze e adornado com pétalas de rosas vermelhas. Em frente ao caixão, estava o sofá vermelho sobre o qual foi colocado a escultura, a representação imóvel da perfeição.

Sua obra estava concluída. Precisava agora deixar uma marca, então, com uma pequena lâmina, cortou o pulso esquerdo, e com o sangue que brotava daquela ferida, pintou de vermelho os lábios de sua escultura. Precisava agora sair da cabana, pois não merecia perecer ao lado de tão adorável criatura. Andou cambaleante até a porta e morreu observando o luar prateado que lhe fez companhia em seus últimos instantes.

E lá ficaram, até então.

Um anjo de cera guardando um anjo de carne.

A beleza admirando seu próprio fim.

quinta-feira, maio 11, 2006


Olá!!!!

Nossa, quantos séculos que eu não atualizo isso aqui, hein?
Pois é. Culpa do ballet. Concurso no RJ, aula de duas horas todo santo dia, ensaio sempre, às vezes até no sábado e em feriado...@_@
Sem falar nos amigos. Enfim, ando meio ocupada. E eu sempre passava aqui, via os comments e pensava 'putz, hoje eu tenho que escrever!'. Só que ou batia uma preguiça do mal ou a inspiração não vinha de jeito nenhum. Mas felizmente, hoje a aula de literatura me inspirou e saiu esse bebê aqui, baseado numa foto que uma amiga minha passou (sim, a foto em questão é essa aí do lado).
Eu sinceramente esperava que ficasse melhor, mas... Bla. Eu sempre espero u.u'
Interpretem como quiserem ^.~ eu escrevi pensando em uma coisa e o May leu e pensou em outra totalmente diferente. Mas me falem depois o que acharam, please? ó.ò

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Amada Lua...

Corria o mais rápido que podia mesmo sabendo que suas pernas já não agüentavam mais; doíam.
Estava ofegante, suado e cansado. Seus olhos estavam arregalados, transbordando um pavor e uma agonia capazes de afligir até mesmo a lua cheia, única testemunha daquela cena tão deprimente.
“Merda” gemeu, olhando o sangue manchar sua mão devido a uma tentativa vã de permanecer em pé. Sua ferida latejava e seus joelhos pareciam quebrados, pois ele havia caído sobre eles no mármore que, por sua vez, logo estaria banhado de sangue e lágrimas.
Como em toda lua cheia.
Era sempre assim. Ao final de quatro semanas, ela sempre aparecia e surtia sobre ele os costumeiros, porém nada bem-vindos efeitos. Como um ritual.
Seu ritual macabro de amor e dor.
E já fazia tanto tempo...
Ergueu-se, trêmulo, apoiando-se na estatueta mais próxima e seu pranto recomeçou quando ele contemplou a paisagem.
Lápides...Crucifixos...Flores...Anjos...
Morte.
Enquanto mancava por entre os túmulos, fitava longamente os muitos sobre os quais já havia chorado. Tantos anjos que ele guardaria na memória para sempre...
Mas naquela noite, a lua cheia o chamava até o dela.
“Lily...” sorriu ternamente, deslizando os dedos sobre o nome do anjo adorado. Ela fora sua presa, seu refúgio... A chave para a realização de seus desejos.
Lily... Ele ainda tinha fresco no pensamento aquele sorriso branco e puro. Aqueles olhos escuros e brilhantes, a tez pálida e macia. Os longos cabelos dos quais ele ainda carregava uma mecha para sentir sempre que quisesse o odor suave.
Ela era doce. Doce e ingênua. E bela como a flor cujo nome ela carregava...
Quando olhava para a inscrição no mármore, ele quase podia ver o tórax da jovem palpitar com sua respiração, o olhar entorpecido e suplicante... Quase podia sentir a maravilhosa sensação do corpo dela se contorcendo sob o seu até que o momento em que ela fecha os olhos, exausta. E depois, como sempre, ele ficava encarapitado na janela, vigiando com um sorriso o sono angelical da moça e sentindo descer por sua garganta abaixo o líquido rubro que o levava à loucura.
Chorou abraçado à cruz daquela sepultura pelo que pareceram horas, e só não manteve a situação por mais tempo porque sabia que não podia se dar ao luxo de ser apanhado pela luz. Tinha que deixar o lugar ainda acompanhado de sua cúmplice cruel, a lua...
Beijou a fotografia da pequena fada que um dia se entregara a ele por inteiro e, após virar as costas e dar os primeiros passos em direção ao portão, riu. Riu como louco e então voltou a correr.
Tudo aquilo era um vício. Algo que se repetia sempre e sempre. E era tão doloroso... Mas ainda assim, tão patético! Se alguém além de seu amado satélite tivesse presenciado a cena que se passara sobre o túmulo de Lily, presumiria que os dois haviam vivido uma longa e bela história de amor.
No entanto, aquela impressão não poderia estar mais errada. Ela, assim como todos os ‘anjos’ que lhe haviam arrancado lágrimas naquele cemitério, só haviam compartilhado com ele uma única noite.
Uma noite de lua cheia.
Chegava a ser gozado o modo como as aparências enganavam. Realmente, aparências eram traiçoeiras na maioria dos casos.
Esse deve ter sido o último pensamento de Lily. E de todos os seus anjos queridos. Afinal, nenhuma delas pensou, quando o conheceram, que ele não era apenas um moço bonito e simpático, mas sim um assassino psicopata que matava para satisfazer a imponente amada que brilhava no céu.

domingo, abril 09, 2006

Tirando as teias disso aqui...
É, eu voltei. E com texto.
Sim. Ficou uma grande merda e foi feito em dois minutos, mas relevem, por favor.
A idéia veio completamente do nada...Daí saiu isso.
E comentem!!!!

Irmão


As lágrimas pareciam queimar a face alva da jovem enquanto transbordavam de seus olhos e rastejavam por sua face incessantemente. Seu rosto estava vermelho e contorcido de ódio.

Por que raios ele não podia simplesmente deixá-la em paz?

Era sempre a mesma coisa. Quando ela pensava que sua vida estava finalmente perfeita e que ela poderia curtir sua felicidade, ele aparecia e provava o contrário. Quando ela pensava que tinha algum valor e que era de fato uma boa pessoa, ele aparecia e lhe arrancava sem piedade a auto-estima que ela demorara tanto para construir.

Ele era um fantasma. Uma sombra. Sempre estaria ali para atazanar seus dias. Sempre...

Infelizmente, não lhe era concedido nem ao menos um dia de folga. Nem um dia a salvo das humilhações às quais ele a submetia (Não em público. A sós. Mas ainda assim, doía, e muito), dos maus tratos, dos abusos, das injustiças.

-Idiota... – era tudo o que conseguia proferir, fitando a porta semi-aberta por onde ele havia passado há poucos minutos,depois de finalmente saciar sua vontade de fazê-la infeliz. E então olhou à sua volta. Sua cama, tão caprichosamente arrumada por sua mãe, agora estava completamente bagunçada, seu travesseiro amassado, seu amado ursinho de pelúcia sem o qual não dormia jogado em um canto qualquer do chão. Seu computador havia sido bruscamente desligado, deixando várias pessoas falando sozinhas. Seus óculos haviam caído, completamente tortos, depois de uma ‘delicada carícia na face’, e isso fazia com que qualquer coisa que estivesse a mais de dois palmos de seu rosto parecesse horrivelmente embaçada. Sua cabeça doía devido à perda recente e nada espontânea de alguns fios de cabelos negros. Sua pele formigava.

Em sua mente, as ofensas gratuitas ainda ecoavam sem parar.

Vaca...Vagabunda...Burra...Imbecil...Doente...”

E o cheiro dele estava impregnado em todo o ambiente.

A sensação humilhante do toque malicioso de suas mãos ainda estava fresca.

Aquele porco.

O pior era saber que ele ficaria impune. A razão, no final das contas, era sempre dele. A culpada era ela, por não dar a atenção de que ele precisava.

Filho da mãe.

Aquilo já havia virado rotina. E não havia absolutamente nada que ela pudesse fazer a não ser se conformar. Ele nunca ia mudar mesmo...

Não havia mudado desde que nascera. Por que haveria de mudar agora?

Na foto pendurada na parede, ele sorria de modo quase angelical, abraçando-a carinhosamente.

Criança falsa.

Encarou o retrato como se quisesse cuspir na imagem ali refletida. De fato, queria, mas sabia que aquilo não adiantaria de nada. Então contentou-se em sussurrar, sabendo que o que estava dizendo não era de todo verdade (apesar de tudo) e que ele não ia escutar.

-Odeio você... Irmão...

quarta-feira, março 29, 2006



Olá, pessoas!

Bem, como já veio gente me perguntando por quê o ino-ins itnha acabado, eu resolvi postar pra esclarecer uma coisa:
NÃO ACABOU!!!!!!!!
Só houve um 'pequeno' desentendimento entre o suposto trio perfeito e inseparável (é...eu também achei que fosse inseparável -_-'), composto por Isa, Amy (moi) e May (o outro garoto que postava aqui).
Não tem como contar a história toda...se bem que a maioria dos que lêem isso aqui (ooh, quem olha pensa que é muita gente) já sabe de tudo. A questão é: May deu uma de doido e resolveu se separar da gente pra sofrer menos, mesmo sabendo que isso ia fazê-lo sofrer mais (o.O isso fez algum sentido? é. pra mim também não.)
Tá, tá, tá sendo MUITO triste pra mim, afinal, poxa, são meus dois melhores amigos! Não é só uma fase ruim; toda uma época muito boa da minha vida tá, bem, sendo 'enterrada'.
Porque mesmo que a gente volte a andar juntos como trio, nunca mais vai ser a mesma coisa.
Não tem nem como.
Continuo falando com o may, mas bem menos íntima que antes.
E a Isa continua sendo meu anjinho, minha filha e minha melhor amiga que eu amo demais! *o*
E SIM, continuo escrevendo. Massssssss, como acabaram as férias... Não tenho tido tanto tempo quanto antes. geralmente uma idéia boa tem que esperar até o fim de semana e mimimi...
E ultimamente meus fins de semana também têm sido bem corridos @_@
Sem falar que estou em semanas de prova.
E ainda tem os treinos de ballet. Tenho duas apresentações pela frente, entre elas um concurso no Rio.
Ou seja, eu estou praticamente enlouquecendo @_@
Mas fiquem tranquilos que logo tem conto novo chegando. E não, não esperem masi que o blog seja atualizado toda semana. Ainda mais agora que eu tô sozinha aqui.
Beeeeeeeeeeijos e obrigada a todos que já leram/comentaram aqui i.i
Mesmo que não estejam lendo esse post ^^
E só pra constar, a fotinha aí em cima representa mais ou menos meu estado essa semana XD~


domingo, março 26, 2006


Estou abandonando o blog e não pretendo voltar.
Durou pouco mas acabou, pelo menos pra mim.
Como podem ver tirei só o meu perfil do site, pq a Marina provavelmente vai continuar escrevendo, então continuem visitando o blog, mas esperem atualizações um pouco menos freqüentes.
Obrigado a quem me deu alguma atenção, e me desculpem os q esperavam um pouco mais de mim. Mas eu desisto.

Só pra não ficar um post tão curto, fiquem com a letra de uma música q eu adoro e que talvez diga alguma coisa sobre o porquê eu fiz isso.

The Smashing Pumpkins - Muzzle

I fear that I'm ordinary, just like everyone
to lie here and die among the sorrows
adrift among the days
for everything I ever said
and everything I've ever done is gone and dead
as all things must surely have to end
and great loves will one day have to part
I know that I am meant for this world
my life has been extraordinary
blessed and cursed and won
time heals but I'm forever broken
by and by the way...
have you ever heard the words
I'm singing in these songs?
it's for the girl I've loved all along

can a taste of love be so wrong?

as all things must surely have to end
and great loves will one day have to part
I know that I am meant for this world
and in my mind as I was floating
far above the clouds
some children laughed I'd fall for certain
for thinking that I'd last forever
but I knew exactly where I was
and I knew the meaning of it all
and I knew the distance to the sun
and I knew the echo that is love
and I knew the secrets in your spires
and I knew the emptiness of youth
and I knew the solitude of heart
and I knew the murmurs of the soul
and the world is drawn into your hands
and the world is etched upon your heart
and the world so hard to understand
is the world your can't live without
and I knew the silence of the world...

domingo, março 12, 2006


Não, o blogue não foi abandonado ainda.
Desculpem, foi escrito as pressas, nem deu tempo de ler. Vai assim mesmo. É uma continuação que eu escrevi pro último texto da Amy "Hora da despedida".

Hora da despedida, parte 2


Correu por algum tempo, até que suas pernas não suportavam mais carregá-la e seus pulmões ardiam por causa do ar frio da madrugada.

Ela tinha planejado detalhadamente cada passo antes de agir, mas só agora parava pra pensar no que tinha feito. Samantha merecia morrer, aquela vadiazinha, quem ela pensava que era? E como se atrevia a levar seu amado?

Agora sim percebia a gravidade daquilo, não pelo fato de ter cometido um crime, mas por não poder mais tê-lo, não ia mais vê-lo, nunca mais...

Parou, apoiando as mãos nos joelhos, o suor escorrendo pela face, os olhos fitando as pernas trêmulas pelo esforço da corrida. Ergueu o olhar, secou o rosto com a blusa. Estava perto da praia.

Caminhou até a areia pra pensar e descansar um pouco as pernas. Tirou o tênis e sentou-se perto da água e ficou olhando o movimento das ondas. Viu o sol-nascer. Tudo era lindo e relaxante, mas a culpa e o ódio lhe atormentavam cada vez mais, e cada vez mais sentia-se pior. Queria vingança, mas percebeu que quem perdeu foi ela própria.

Estava bem perto de casa, podia ir andando.

Levantou-se e andou por algumas quadras até chegar ao seu prédio. Seu rosto nunca teve uma aparência tão cansada e pesada quanto aquela, mas o porteiro estava tão sonolento que não percebeu como Charlotte estava mal, e mesmo que tivesse percebido, não diria nada, não era da conta dele...

Charlotte subiu até seu apartamento, esquadrinhou cada centímetro da cozinha, pegou as chaves do carro e desceu para o estacionamento. Estava decidida, faria isso e ninguém a impediria.

Entrou no carro luxuoso, presente de seu já falecido pai. Sentou-se no banco do carona, sem olhar, abriu o porta-luvas e pegou uma caneta e uma agenda. Arrancou uma das folha e se pôs a escrever.


“Sei que machuquei muitas pessoas com as últimas decisões que tomei. Mas peço que não me culpem pelo mal que lhes fiz. Gostaria de ter dito minhas últimas palavras ao meu amor, e uma das razões pelas quais faço isso é por não ter tido a chance de me despedir da pessoa que eu mais prezava neste mundo tão injusto e indiferente. Não me arrependo pelo que fiz, sei que foi um erro, mas arrependimentos não irão curar as feridas de ninguém, muito menos as minhas. Adeus, e muito obrigado a todos que me ajudaram, de algum modo, durante minha vida.”


Colocou o bilhete manchado de lágrimas no banco do motorista.

Enfiou novamente a mão no porta-luvas, e puxou dessa vez, uma arma. Ela sabia atirar e a carregava para se defender de assaltos. Nunca precisou usá-la, até agora... Talvez tivesse comprado para isso mesmo. Afinal já havia pensado várias vezes em dar um fim a própria vida, só precisava de um pretexto, e agora tinha um.

O pente estava carregado, tirou todas as balas até que restasse apenas uma. Colocou o frio cano da arma na boca. Apertou os olhos. Engatilhou-a, apertou o gatilho.

Tombou, para o lado. Morta. a cabeça apoiada no vidro, e o sangue escorrendo pela nuca e machando todo o banco de couro branco, do vermelho escuro que brotava aos jorros.

No fim, não havia mais niguém, Samantha se foi com ele. Pelo menos eles se foram felizes.

Charlotte terminou sozinha. Se estivesse viva certamente sofreria muito mais por perceber tamanha injustiça.


Fim

______________________________

Comente, por gentileza.

domingo, fevereiro 26, 2006

Nussa, fiquei tanto tempo sem postar... Foi mal. Mas a Amy escreve melhor q eu menso, então nem importa =P, mas enfim, é q eu tava sem criatividade mesmo (se é que algum dia eu já tive). Então taí, um textinho p vcs.

Mto boa a img né =D :doido: :fodaum:




Capitão

Nunca esteve no deserto, mas ouviu dizer que as pessoas costumavam ter alucinações e morrer caminhando em direção ao nada, então supunha que não devia ser muito diferente do que estava passando naquele momento.
Havia partido há meses e parecia nunca chegar ao destino, o mar sempre lhe pareceu amedrontador mas agora era, acima de tudo, uma cela, uma prisão e estavam todos no corredor da morte. Não havia paredes e nem grades, mas isso não dava nem um pouco da sensação de liberdade que todos desejam. Toda aquela vastidão azul parecia prestes a engoli-lo junto com seu barco.

De fato haviam se desviado muito da rota inicial e agora não sabiam exatamente onde iriam chegar, estavam simplesmente navegando em linha reta, na direção oeste.

[...]Estamos praticamente sem mantimentos há alguns dias, temos que racionar mas nem assim nossa comida duraria por uma semana sequer. Minha pequena tripulação já se reduziu a pelo menos metade daquela que embarcou, e não sei por mais quanto tempo agüentaremos.[...]

Seguiram-se alguns dias e a comida acabou, a tripulação foi dizimada pela desnutrição, desidratação, e todos tinham pequenas hemorragias por escorbuto.

[...]Minhas gengivas sangram a cada mordida que dou no pão seco e escasso que ainda nos resta. Estou temeroso quanto ao nosso destino, realmente foi um duro golpe do destino termos perdido nosso astrônomo e nossos instrumentos de navegação naquele naufrágio, mas lamentar as perdas só tornará ainda mais cansativa esta empresa, que tornou-se agora uma corrida pela sobrevivência[...]

[...]Esta noite tive a impressão de ter visto pássaros, mas não alertei aos poucos sobreviventes de minha brava tripulação, pois a última coisa que quero é criar falsas esperanças. Afinal não quero que se decepcionem comigo e é bem possível que a insolação já esteja me provocando delírios.[...]

[...]Me sinto mais fraco do que nunca me senti antes, só restam, além de mim, mais três tripulantes, que estão com a saúde em situação tão precária quanto a minha, dois deles estão desacordados no momento, sendo que um desses teve convulsões várias vezes nas últimas horas. Manter-se de pé é uma tarefa árdua e todos aqui vão apenas deitar e esperar pelo fim. Um capitão sempre afunda com seu navio e este está prestes a afundar-se, quando o último homem der seu último suspiro, então toda a jornada estará perdida, e eu afundarei.

Espero que não seja a última vez que seguro a pena, mas direi adeus, e repousarei em meu leito sonhando se algum dia alguém lerá estas palavras. Sem remorsos. Adeus.

--Vamos nos aproximar daquele navio, parece estar vazio.
-- Meu rapaz, isso pode ser um truque de piratas.
-- Talvez, mas aproxime-se mais um pouco para vermos melhor, afinal, estamos muito bem armados.
-- Tem certeza que quer correr o risco?
-- Certamente que sim. Pode estar abandonado e talvez tenha algo que nos seja útil lá dentro.
-- Então vamos.

E aproximaram-se da embarcação, como não havia qualquer tipo de reação e não se via qualquer tripulante parelharam-se à bombordo e desceram no convés. Bateram algumas vezes à porta da cabina do capitão, e como não recebiam qualquer resposta, adentraram. Viram um homem deitado ali. A princípio achavam que estava morto mas checando sua pulsação percebia-se que ainda estava vivo.

Procuraram pelo restante da tripulação daquele navio, e encontraram um morto e dois tão fracos quanto o capitão, sequer abriam os olhos.

“O que é isso afinal? Será que já estou morto? Quem será que está me batendo?”

--Ei homem, acorde.

E ele lentamente começou a abrir os olhos.

--É parece que finalmente teve um pouco de sorte. Espero que não se importe, mas li seu diário!



_______________________________

~~ comenta né meu filho!? Mesmo que seja pra me insultar... pensando melhor, se for me insultar é melhor ficar calado. =S ~~

terça-feira, fevereiro 21, 2006

olá o/
bem, se o may não atualiza, eu atualizo u.ú
a idéia para esse continho apareceu em uma aula chata de matemática, e ele foi escrito rapidinho, ontem à noite.
não ficou muito bom não, mas vá lá...sejam bonzinhos.
comentem!!!! =***

Hora da Despedida

De detrás da árvore, Charlotte apertou os olhos para ver melhor a sombra que se aproximava - e sorriu.
Era ele. Mesmo em uma noite escura como aquela, em um lugar quase sem iluminação como a praça em que se encontravam, em plena meia-noite e àquela distância, ela o reconheceria. Ninguém mais tinha aquele jeito imponente de andar, e nem aquele jeito tão amável de mancar do pé direito. Ninguém mais jogava os cabelos para trás a cada dez segundos daquela forma... Enfim.
Ele era inconfundível. Bonito, charmoso, simpático, querido...Não precisava ter o destino que teria.
Não precisava.
Charlotte lamentava tanto por ele! Ele merecia muito mais do que receberia... Doía para ela ver a desgraça se concretizar sem fazer nada para mudar. Mas o que ela podia fazer?
O único que poderia ter mudado tudo era ele próprio. No entanto, ele não quisera, e agora era tarde demais.
Já estava tudo feito.
Com um sorriso terno e um brilho apaixonado no olhar, ela acompanhou os movimentos dele até que ele estivesse sentado em um banco a menos de três metros de distância da árvore atrás da qual ela se escondia, e então se encolheu um pouco e prendeu a respiração para que ele não notasse sua presença.
Por um momento, ela se esqueceu de tudo. Do porquê de ela estar ali, escondida atrás daquela maldita árvore, observando secretamente seu jovem amado. Do porquê de ele estar sentado naquele maldito banco à meia noite olhando o horizonte atentamente...
De tudo. Só pensava em tudo o que tinha acontecido, no quanto ela amava aquele ser e no quanto o queria para si outra vez.
Tais pensamentos e lembranças deixaram-na tão leve e feliz que era difícil conter os suspiros, tudo o que sentia simplesmente explodiu dentro de seu peito...
Era como uma convulsão.
Mas então se lembrou do porquê de ela estar ali, escondida atrás daquela maldita árvore, de ele estar sentado naquele maldito banco à meia noite olhando o horizonte atentamente, e principalmente, o porquê de ela não tê-lo mais para si.
Samantha. A segunda sombra que surgia ao longe naquela noite escura. Só de pensar que seu amado havia deslocado-se àquela hora para aquele lugar isolado só para ver aquela... aquela coisa, as mãos de Charlotte se cerraram com força, as unhas cravando-se nas palmas, quase ferindo. Quase, ainda.
Chegaram a ferir e arrancar sangue quando o casal de pombinhos se beijou apaixonadamente bem em frente à pobre jovem escondida.
Droga, droga, droga!
Até a desgraça daquela vaca, Charlotte invejava. Samantha acabaria da mesma forma trágica que seu adorado garoto, e por mais terrível que isso fosse, Charlotte a invejava. Ela também queria acabar junto com ele, seguindo-o onde quer que fosse... Mas não.
Samantha, sempre Samantha.
Se bem que essa inveja toda não fazia sentido algum, uma vez que se Samantha nunca tivesse aparecido, o rapaz teria pela frente um futuro maravilhoso ao lado de Charlotte.
Bah, era uma situação complicada. Complicada demais até para se pensar, até porque não havia muito tempo.
A jovem rejeitada olhou no relógio e mal pôde conter um resmungo contrariado. Queria tanto ficar mais tempo lá, admirando seu querido (mesmo que isso significasse observar Samantha também), despedindo-se de seu rosto para sempre...
Mas não podia. Direcionou um último olhar de ódio a Samantha e gastou dois segundos observando a face do amado, gravando os traços tão belos em sua memória.
“Adeus, meu querido... Eu te amo. E sinto tanto... Tanto...” disse, mentalmente, antes de abaixar-se, embrenhar-se no meio dos arbustos e sair correndo o mais silenciosamente que podia pelo meio deles. Logo, a bomba que ela havia posto debaixo do banco explodiria...E ela não estava com muita vontade de ser atingida...
Gostaria de pedir desculpas pela falta de atualizações, nós não abandonamos o blog, e pretendo atualizar até sábado. Xauzin, e comentem (os outros posts, não este =P)

terça-feira, fevereiro 14, 2006

tá, aqui estou eu, de novo.
o texto a seguir tem o título que tem por causa de uma música, na qual ele foi inspirado.
não consegui pensar em um melhor, então ficou esse mesmo u.ú
aviso que não ficou grande coisa, mas peço encarecidamente que comentem ;]

Vermilion

Acordou com o toque dos lábios dele em seu pescoço e sorriu de leve quando, ao abrir os olhos, viu aqueles cabelos escuros e perfeitos.
Ele levantou o olhar.
-Já não era sem tempo, bela adormecida... – sussurrou, e ela estremeceu ao som da voz tão amada.
Ele era tão lindo... Tão gentil, tão carinhoso...Era muito mais do que ela havia sonhado possuir.
Ela pôde contemplar aquele par de olhos expressivos parados diante dos seus por um momento, emoldurados pelas mechas de cabelo que caíam devido à posição horizontal em que se encontrava antes de sentir os lábios macios acariciando os seus primeiro suavemente, depois com mais urgência.
O beijo dele... Ela conhecia cada detalhe, cada momento, cada toque, cada sabor... E amava todos.
-Amo você... – ela sussurrou, quase febril, quando finalmente se separaram em busca de ar. Ele sorriu.
Deus, como ele podia ser tão perfeito? Ela não sabia o que era melhor. Sentir o toque dele, buscar desesperadamente mais contato com o corpo dele, desaparecer naquele abraço e derreter no cheiro dele ou ficar simplesmente admirando cada traço, cada linha de expressão, cada movimento, cada suspiro.
Podia ficar o resto da vida fazendo qualquer uma das duas coisas! Ele era perfeito... Perfeito...
Ele sentou-se na cama com um lençol enrolado na cintura, falando algo sobre o dia anterior. Narrando, mais precisamente.
Que personalidade...
Levantou-se também e abraçou-o por trás, beijando-lhe o ombro e respondendo o que tinha dito.
Conversaram longamente sobre tudo e todos. Era tão bom falar com ele... Era tão bom saber que ele quase sempre pensava como ela... E que quando não pensava como ela, pensava o que ela precisava que ele pensasse...
Ele era perfeito demais para ser real.

--------//--------//--------

Acordou em um pulo por causa do barulho do despertador, e seu sorrisinho sonhador não sobreviveu ao susto.
Olhou em volta. Estava sozinha. E estava tão frio...
Tudo o que ela queria era alguém para abraçá-la naquele momento.
Esticou o braço ao lado para socar o irritante despertador que ainda apitava e roçou em uma folha de papel que jazia esquecida em seu criado-mudo. Puxou-a.
E o conteúdo daquela folha deixou-a com os olhos marejados e sorrindo ternamente.
Era um desenho. Dele. Feito por ela mesma, é claro.
Não poderia ter sido feito por outra pessoa, uma vez que ela o havia criado.
De sua prisão branca, ele sorria e mandava-lhe um olhar confortador. Mandaria sempre...
De certa forma, ele sempre estaria lá para ela.
De certa forma.
Ele nunca entraria pela porta. Nunca a abraçaria. Nunca sussurraria coisas em seu ouvido. Ela nunca ouviria a voz que amava tanto...
Nunca teria, enquanto acordada, que escolher entre contemplá-lo e senti-lo. Teria que contentar-se somente em admirá-lo e senti-lo apenas em sua mente e seu coração.
Porque ele era perfeito demais para ser real.
E por isso, não o era.
Nascera da mente da amada e ali viveria para sempre. Aprisionado.
Era o preço que ambos tinham a pagar por ousarem ser tão felizes enquanto ela sonhava...

quarta-feira, fevereiro 08, 2006


Vou colocar um título bem pouco atrativo para um texto do qual não se deve esperar muito. Assim sendo não haverão decepções de quem se dispuser à lê-lo.

Tedioso
Não citarei o nome de minha personagem, não acho que alguém se importaria e não acho que vá fazer alguma diferença. Não direi seu nome por não ter pensado em nenhum ou talvez não ache que seja necessário, pois ela será a única pessoa deste texto.

“Fazia tempo que estava atormentada pelas preocupações impostas pela rotina... (Ah, a rotina! Vício que mata mais lenta e impiedosamente do que qualquer doença.)
Levantava-se cedo, trabalhava até tarde, chegava exausta em casa, precisava dormir e quando acordava novamente, já era hora de ir trabalhar.
Aquele maldito despertador tocou. Contrariada, levantou-se e foi escovar os dentes. Parou diante do espelho – um amigo (pois seria sempre sincero) e um insensível (pois seria sempre sincero) – olhou aquele rosto cansado, com pequenas rugas perto dos olhos e na testa (não pela idade, mas principalmente pelo stress), levou pesadamente a mão macilenta para a torneira, abriu-a e lavou o rosto. Tornou a encarar a figura no espelho. Apesar da expressão dura, seus olhos amendoados ainda conservavam o brilho que tinham desde os quinze anos, o feitio era exatamente o mesmo, linda, mas com seu brilho ofuscado pela neblina de inquietação provocada por seus deveres. Deu um tímido sorriso para si mesma e escovou os dentes.
Ainda de pijama, sentou-se à mesa da cozinha e tomou seu chocolate quente e comeu um pedaço de bolo. Normalmente não tinha tempo para tomar café-da-manhã em casa, mas dessa vez havia programado o despertador para tocar alguns minutos mais cedo.
Contemplou a bela vista que seu apartamento proporcionava. Havia o escolhido apenas por causa da vista. Mas há quanto tempo ela não parava para observar... Sentou-se na varanda por poucos minutos e levantou-se para ir trabalhar.

Foi só mais um dia exaustivo cercado de pessoas medíocres e falsas intenções. Mas ela [infelizmente] já se habituara a isso tudo.

Voltou às sete horas da noite, apesar do expediente não ser muito longo ela sempre levava muito trabalho para casa e acabava por perder noites de sono.
Mas dessa vez o primeiro livro que abriu ao chegar em casa, foi uma pequena agenda, onde guardava o telefone de amigos antigos. Viu dois números que lhe chamaram a atenção, pois eram amigos que eram especiais e de algum modo, por sadismo do destino, havia perdido contato há alguns anos, e decidiu ligar.
Para sua sorte os números ainda perteciam aos seus antigos amigos.
Não queria dizer nada em especial. Queria apenas ouvi-los contar-lhe, com suas próprias vozes, como foi o dia.
Ela ainda pretende reencontrá-los e sente que isso será em breve.”

A história, daqui por diante, ainda está para ser escrita, mas não esperem que eu a conte. O que acontece após isso fica à critério de sua imaginação.
Direi apenas que terá um final feliz, e isso já me basta.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

nussa, tem um tempinho que a gente não posta....
mas não, nós não abandonamos o blog u.ú
não tão cedo. não antes de pentelhar todo mudno com ainda mais textinhos nossos.
a quem comentou.. muito obrigada. por mim e pelo may

aí vai mais um textinho. é parte de uma série XD~ mas eu nunca fiz o resto...
e a poesia que a sarah fala foi escrita pela minha queridíssima amiga liv \o/
liv.. amo você, pequena.
e vale lembrar que esse texto foi escrito de presente de aniversário pra iiiiiiisa =*** já há um bom tempo o.O



Ocean soul

“Should I dress in white and search the sea
As I always wished to be
One with the waves – an ocean soul”
Ocean Soul, Nightwish

Corria solitária e silenciosamente, a areia da praia alojando-se entre seus dedos brancos. Lágrimas. Lágrimas para todos os lados! Vindas de todas as direções possíveis e imagináveis: do céu, do mar e de seus olhos.
- Rosa, símbolo do amor
Rosa vermelha,
Feita de sangue
Sangue inocente
Derramado por amor... - balbuciava, entorpecida, antes de sentir um nó apertar-lhe a garganta e soltar um soluço involuntário. Levou a mão trêmula até a boca e diminuiu o ritmo dos passos, as pernas já sem forças para prosseguir.
- Amor que não existe
Consiste apenas em uma lembrança...
Uma rosa,
Minha herança
Sentiu o peso de seu corpo desabando sobre os joelhos. As duas mãos agora cobriam todo o rosto alvo e angelical, abafando o pranto angustiado e escondendo a fraqueza de seus olhos, que já não estavam mais brancos, mas sim vermelhos como a rosa que carregava presa a seu vestido ou o sangue que constantemente arrancava de si mesma. Os resquícios de uma onda já extinta atingiam seu vestido branco, encharcando o tecido que conseguia alcançar. O mar estava inquieto aquela noite; castigava, furioso e impiedoso,cada palmo de areia das margens, fortalecido pela água da chuva. Aliás, toda a natureza parecia se unir em um pacto negro, almejando ferir cada ser ou objeto que atravessasse seu caminho.
Sarah sorriu ao sentir o vento gelado cortar a pele sensível de sua face. A natureza era sua aliada. Dera-lhe sua roseira, e agora lhe ajudaria a descansar. Finalmente, tudo estaria como nunca deveria ter deixado de estar. Ela seria reduzida a uma mera lembrança, um suspiro levado pelo vento. Voaria por toda a terra, finalmente livre do peso de impedir a felicidade de alguém e livre também daquele que impedira a sua.
Com o olhar perdido, numa espécie de transe, começou a arrastar os joelhos pela areia molhada até reerguer-se e então recomeçar a caminhar, desta vez com passos lentos, quase deslizando pela superfície como um anjo em meio à escuridão.
- O vento carrega,
Aos poucos
Suas pétalas
Se ela estivesse realmente enxergando alguma coisa, diria que seus cabelos lhe atrapalhavam a visão apesar do vento feroz jogá-los para trás... Mas não estava. Só enxergava a escuridão do oceano fundida à negritude do céu em prantos.
- Leva o que o tempo não levou
Apaga o que o fogo não apagou
Arqueou as costas, a pele de sua nuca arrepiando-se de frio. A água já lhe atingia os joelhos. O fim tão esperado estava próximo...
- A beleza se foi
Só me restam agora os espinhos,
A dor de perder esse amor...
Mesmo sabendo que ele nunca existiu
Um sorriso estranho e sinistro jazia, estampado em seu rosto, desenhado pelos lábios já roxos e trêmulos. Natureza bondosa... Sua amada aliada...
- E com eles a me perfurar
Sonho em um dia poder
Rosa me tornar
A rosa rubra e inerte escorregou por entre seus dedos e afundou, desaparecendo em meio à água e deixando para trás a maioria de suas pétalas, que a jovem deixou voar com o vento. Em breve, seria ela a voar com o vento...
- E quem sabe assim me juntar
A quem por mim sangue derramou.
Uma onda a atingiu em cheio nas costas, fazendo-a tombar. O gosto salgado e amargo do mar invadiu sua boca sem aviso, mas ela já estava acostumada. Lágrimas também eram salgadas e amargas, afinal. As poucos, foi afundando, arrastada com força pela correnteza e atingida freqüente e impiedosamente pelas ondas. Doía. Céus, como doía. O frio, as pancadas, a falta de ar... Tudo.
Sentiu vontade de gritar, mas não conseguiu. Por mais que tentasse, não conseguia mais manter seus olhos abertos! Não eram só os olhos, mas todo o seu corpo se recusava a obedecer suas ordens. Algumas feridas que fizera no dia anterior haviam se aberto, mas não sangravam. Apenas doíam, latejavam.
Seus braços e pernas formigavam, e uma estranha e engraçada sensação de torpor apossara-se dela. Estava zonza, não duraria mais nem um segundo consciente. Já não lhe restava mais nada, nem tempo. Era tarde demais para voltar atrás, para seu alívio. Dessa vez, havia conseguido. Finalmente, depois de anos de covardia. Sorriu mentalmente antes de tudo dissolver-se diante de seus olhos, preparada para o fim, que aguardava de braços abertos...
De repente, sentiu-se empurrada para a superfície, e, logo em seguida, envolvida por dois braços quentes e protetores. Seria um anjo buscando sua alma? Como seria o rosto de um anjo? Devia ser realmente reconfortante vê-los sorrir ternamente. Mas não tinha forças para abrir os olhos. Estranho. Já estava morta, deveria estar livre de todas as dores, toda a fraqueza que lhe afligia o corpo enquanto estava viva. E onde diabos estava deitada? Sim, não estava mais à deriva, já não podia mais sentir o mar castigando-lhe a pele. Estava deitada suavemente sobre uma superfície dura, e uma espécie de cobertor fora posta sobre seu corpo. Era tão quente e confortável... Mas ainda assim, sentia frio!
-Shhhhhhhhhhhhhh... Vai ficar tudo bem, eu espero. Você é maluca? Bem, não é a melhor hora para lhe perguntar as razões para ter feito essa maluquice. Deixa para outra hora. Você é tão bonita... Não devia se arriscar tanto. Devia, sim, fazer uma estátua de si mesma e guardar em um lugar seguro, para que seu rosto não caia no esquecimento. Assim como eu devia me internar em um hospício.. Estou ficando louco... Onde já se viu, falar com jovens suicidas e desacordadas quando deveria estar remando de volta para a costa? Ah... Quem se importa?
Que espécie de anjo tagarela era aquele? Tão diferente do que ela costumava pensar... Sempre pensara que, quando morresse, um anjo cantaria em seus ouvidos e diria, num sussurro leve como uma brisa, que sua mãe esperava por ela em algum local não muito distante.
Onde estava sua mãe? Não estava esperando por ela? Se estava, o anjo não queria lhe avisar. Anjo esquisito, aquele. Sim, era inegável que sua voz era calma e reconfortante, mas ainda assim, ele era um anjo estranho.
Ouviu um barulho, e logo em seguida, parou de sentir o mar se agitando por baixo da superfície na qual estava deitada. Que estranho...
-Será que você vai mesmo ficar bem? Está tão fria que, se eu não tivesse sentido seu pulso, diria que está morta.
Ainda falando, o anjo a abraçara, envolvendo-a com algo quente e macio que parecia ser seu par de asas. Curtas demais para serem asas, é verdade, mas o que mais seriam se não asas?
-Minha... mãe........ – balbuciou, tão baixo que mal se podia ouvir.
-Ah.. Acordou, é? Que bom.
Com dificuldades, Sarah abriu os olhos. Primeiramente, não viu nada além de vultos estranhos e disformes, mas depois as imagens foram se organizando, e então pôde ver seu anjo. Não era muito diferente de um garoto normal, com grandes olhos castanho-esverdeados que a fitavam, preocupados. Os cabelos eram ondulados, da cor do mel, ultrapassando por pouco a altura dos ombros e a pele era ligeiramente bronzeada.
-Anjo..?
O menino-anjo riu alto.
-Não, não sou um anjo. Sou só um pobre mortal que estava passando por aqui, pensando na vida quando viu uma louca indo ao encontro do mar e resolveu dar uma de herói e salvá-la.
Uma lágrima solitária escorreu pela face de Sarah.
-Eu... você... você não devia! Devia ter deixado! Por quê fez isso comigo? Seu.. eu te odeio...... – apesar de estar falando baixo e pausadamente, seu tom de voz era carregado de ódio e rancor.
-Tá, grite comigo depois, ok? Já que atrapalhei seus planos, deixe eu fazer o serviço completo e te ajudar. Onde você mora?
-... Não quero ir pra lá.
-Como se chama?
-Sarah...
-Ah. Meu nome é Julian. Vem. Vou te levar para algum lugar e cuidar de você. Seus pais não ficam preocupados?
-Não é do feitio de meu pai se importar com alguém...
-Ah. Acho que entendi por quê você queria que o mar te engolisse. De qualquer forma, vou te ajudar. Sabe, a vida pode ser realmente legal, se assim quisermos, sabia? Ela é como queremos que ela seja.
-Ilusão...
Julian sorriu.
-Não fale. Conversamos mais tarde, ok?
Mal ele acabou de falar e a jovem fechou os olhos, perdendo novamente a consciência.
-Hum... Boa garota.
E então, o jovem Julian suspirou e pegou-a no colo. Por que sentira aquela vontade repentina de ajudá-la, ele não sabia. Mas sabia, sim, que, a menos que estivesse muito enganado, os dois teriam muito o que conversar e compartilhar... Ele e aquele misterioso anjo alvo que ele salvara da morte.

Fim



beijos, e comentem =**

terça-feira, janeiro 31, 2006

Qualquer dia eu atualizo isso aqui, provavelmente essa semana mesmo. Eu esperava um post da Amy, mas ela não se mexeu ainda. Bom, é isso. (y)

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Bom, agora é minha vez de postar alguma coisa. Achei bem clichê. Mas, (como diria a Amy) whatever...

Taí, quem tiver paciência leia.

[observação: não reparem em erros gramaticais, pois eu sou semi-analfabeto e dislexico]

Herança

O sol descia e tingia o céu num tom alaranjado, olhando para o outro lado podia-se ver o brilho prateado da lua aparecendo timidamente entre algumas nuvens, as cores (como de qualquer pôr-do-sol) não combinavam e ajudavam a tornar o clima mais tenso. As árvores ao redor pareciam estar observando atentamente aquela luta que se prolongara por horas a fio.
Ambos estavam ofegantes, parados, encaravam um ao outro desafiadoramente.
Por um momento uma brisa cortou o ar. O vento pareceu aliviar a dor de suas feridas e dar um novo fôlego para continuar... um último arquejo antes de avançar sobre seu oponente.
Seus olhos estreitaram-se, suas mãos apertaram ainda mais firmemente o cabo da espada, o sangue escorria de um corte em seu rosto, não poderia ceder à dor, se quisesse sobreviver, deveria avançar e agora era o único momento para isso. Correu furiosamente em diração ao seu oponente.
Estavam a pouco mais de um metro de distância agora.
Ele girou sua espada no ar e desferiu um golpe contra o pescoço dele, seu inimigo. O golpe foi bloqueado, seu adversário revidou de imediato com um golpe alto, ele então esquivou abaixando-se, com um uma rasteira, derrubou-o no chão e deu-lhe um golpe no peito, um golpe fatal.
Estava exausto e sangrando, desmaiou ao lado de seu, agora morto, adversário.
Quando finalmente acordou, já era noite, estava frio e suas roupas estavam rasgadas. Não poderia ir andando naquele estado até a cidade, decidiu então ficar ali até amanhecer. Acendeu uma pequena fogueira e sentou-se ao lado do corpo.
Olhando aquele homem morto, perguntava-se quais eram os propósitos dele. Agora que havia morrido, o que restou de suas causas que defendeu tão veementemente?
Terminara ali, todo um caminho, a vida de um homem, todos os propósitos, todos os valores...
Agora ele era um herói, seu oponente, um mártir.
Certamente aquela não era sua última batalha, e, talvez na próxima não tivesse tanta sorte.
Era o que lhes restava.
Um legado de sangue, de ideais, de mortes.
Apenas história.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

All right.. Começando de verdade agora.
oi, meu nome é Marina, pode me chamar de Amy (não, não sou fãzona de evanescence.... pelo menos não mais... mas o apelido já pegou XP por causa da semelhança fisica)
e esse blog nasceu de uma conversa com meu queriiiiido e chatonildo amigo May XD
Decidimos fazer um blog pra postar nossos contos/poemas e por aí vai.....
Nossas criações XD

Vou começar por um pequenininho, inspirado na fotinha abaixo



Durma Bem

O quarto estaria totalmente escuro, se não fosse a vela que a mulher segurava em suas mãos trêmulas. A vela preciosa que lhe permitia ver o rostinho de sua amada filha em seu sono de anjo.
Sorria ternamente, suspirando aliviada por saber que ela estava bem. A menina lhe dera, nos últimos dias, o maior susto de toda a sua vida!
-Elise, sua pequena tratante. Queria matar sua pobre mãe do coração, huh? – afagava os cachos dourados da criança de sete anos, agora segurando a vela em uma só mão. – Marie ficou tão triste em sua ausência... Você foi cruel com ela. Jurou que nunca a abandonaria e quase o fez! Eu e ela sofríamos juntas enquanto você ardia em febre aqui nessa cama... Rezávamos juntas para que se curasse logo. E os céus nos atenderam: veja como está mais fresca!
A mulher sussurrava docemente enquanto buscava Marie, a boneca de porcelana de estimação da pequena Elise, e a colocava nos braços da menina, tomando cuidado para não acordá-la.
-Suas amiguinhas vieram te procurar. Saber notícias suas. É uma pena que eu não estivesse em casa na hora. Teria deixado-as entrar de bom grado! Sei que sente falta delas e que vê-las a deixaria muito feliz. Mas eu não estava. E seu pai, você sabe... Ele não anda muito bem ultimamente, querida. Não está em condições de atender a porta e receber visitas. Eu sinto muito que este fato tenha causado-lhe mais tempo de solidão, mas sei que você entenderá. Sempre foi tão inteligente e compreensiva, minha menininha...
Sinto sua falta, sabia? Apesar de te ver todos os dias. Não é a mesma coisa. Por mais que me esforce em chegar cedo, há exatos dois dias eu só chego em casa quando você já está adormecida! Sinto falta da sua risada, do seu sorriso... Dos seus olhinhos brilhantes... De quando você diz “mamãe, mamãe, adivinha o que aconteceu?” e começa a contar como foi seu dia. É, sinto falta, mas isso não é motivo para não falar com você. Sei que você escuta e que no outro dia, saberá que estive aqui.
Prometo que amanhã vou chegar mais cedo, pequena. Cedo o suficiente para você sentar em meu colo e contar como foi o dia de brincadeiras com Marie. Eu prometo... Pode esperar.
Boa noite. Durma bem.

Encerrou o longo discurso e deu um beijo suave na testa da menina, cuja pele estava pálida devido à luz da vela.
“Tão pálida... Se eu não soubesse que é culpa da vela, ficaria preocupada...”
Deu uma última olhada para trás antes de fechar a porta.
-Ah, não, Mathilde, outra vez? – seu marido a estava esperando sentado em uma cadeira da sala de jantar, visivelmente irritado.
-Não queria que eu deixasse de desejar-lhe uma boa noite, queria?
Os olhos do homem encheram-se de lágrimas. Como se não bastasse tudo o que havia acontecido... Agora isso! O que havia feito para merecer tanto sofrimento?
-Mathilde... Entenda... Por favor...
-Quem não está entendendo aqui é você! -Mathilde disse, entre os dentes, vermelha de raiva, antes de virar-se e sair em passos rápidos e furiosos rumo ao quarto, deixando para trás um esposo já aos prantos.
-Mathilde... – chamou mais uma vez, mas não foi respondido. Jamais seria respondido outra vez.
Não como antes...
Não seria mais ela. Não eram mais os mesmos olhos. Não eram mais as mesmas palavras. Não eram mais os mesmos sentimentos. Não era mais a mesma mulher.
Sua perda havia sido dupla. O mundo não havia se contentado em tirar-lhe um ente querido e tirara-lhe logo as duas pessoas que mais amava no mundo.
Suspirando resignado, abriu a porta do quarto onde Mathilde estava antes de encontrá-lo. Não via coisa alguma, pois as luzes estavam apagadas, mas sabia o que repousava lá.
E quanto mais pensava nisso, menos suportava a idéia. Mas o que ele podia fazer?
-Nada... – ele tentou dizer, mas de seus lábios não saiu som algum, tamanhas eram sua dor e agonia.
Não. Se ficasse mais um segundo ali, enlouqueceria.
Pensando nisso, sacudiu a cabeça e fechou a porta de madeira com um rangido, sem nem olhar uma última vez para o corpo inerte de sua única filha.


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pronto. pleeeeeeeease, comentem \o/