quarta-feira, janeiro 17, 2007

Um post medíocre.
Eu escrevi esse texto aí há algum tempo, acho que só a mendy já tinha lido, mas de qualquer jeito tá postado aí até que me venha alguma ideia sobre o que escrever. Não acho que vá demorar muito pra um post realmente novo, mas eu tenho que pensar um pouco.

Aliás, pensar é algo que eu tenho feito muito pouco ultimamente, talvez por isso meu subito otimismo com a vida (exceto no amor, afinal nessa brincadeira de ideais ninguém jamais se sai bem). Enfim, é isso. (sim, o texto tá uma bosta, sim, está MUITO curto)


Reticências

Tic. Tac.

Impiedosos, os ponteiros seguiam seu caminho, cruéis, martelavam seu som constante e ritmado, e como de gota em gota a água escava a pedra, de tic em tac o barulho perfurava seus tímpanos.

Ele sabia que o barulho pouco importava, mas o que realmente incomodava era a consciência de tempo. Pensar em tudo o que passou até aquele instante e imaginar que tudo pode não ter importância.

Por não conseguir dormir, levantou-se e foi para a janela. Era uma noite sem vento, sem lua, sem estrelas, sem movimento na rua exceto por um bêbado que cambaleava e cantava alguma canção antiga e sem ritmo. Por entre os prédios podia ver as torres da catedral, que estavam em reforma e tinha uma rede de proteção esverdeada pendendo dos andaimes.

Percorreu com os olhos atentos os detalhes desse cenário, não havia nada de realmente bonito ou diferente lá.

Era só mais uma janela, ele era só mais um sujeito com insônia que procurava consolo na melancolia da noite, e tudo era muito comum.

Olhou agora para a mesinha na cabeceira da cama.

E ele seguia matando-o aos poucos e transformando tudo em passado.

Tic. Tac. Tic...

quinta-feira, janeiro 04, 2007


Depois de tanto tempo sem sinal de vida, volto aqui com outro post. 
Preciso explicar que embora pareça, o texto abaixo não é despedida, nem nada do tipo. Encare-o como um texto apenas e não como uma metáfora. Eu não sou (ou pelo menos não pretendo ser) o indivíduo desse texto. Bejusmeliga, Abçscomente.



Demente


- Viestes assistir ao funeral?
- Que dissestes pobre infeliz!? Não há finado!
- Mas acaba de morrer minha esperança.
- Tolo. De que se lamentas?
- Não é interessante. Mesmo que te confessasse minhas dores não escutarias metade da história, pois não há como explicar todos os detalhes apenas com palavras.
- Detalhes são apenas detalhes...
- Mas são eles que fazem a diferença. Se não fossem os detalhes, a figura que vês aqui seria outra.
- Não importa. Eu posso adivinhar o que te deixou tão demente. Estou certo de que foi uma rapariga. Enganei-me?
- Não.
- Podes dizer-me como ela era?
- Outra coisa que não posso definir com palavras é o modo como ela encanta à todos. Sempre surpreendia-me escrevendo versos tolos na tentativa de retratá-la na beleza da poesia.

De onde vem tanta graça
Que alegra até o mais aflito dos homens?
De onde vem tanta doçura
Que a consciência se perde no êxtase de teu sabor?


- Parece estar exagerando. Todo homem apaixonado endeusa sua amada. Isso agrava-se mais em se tratando de poetas.
- Tu estás correto novamente. Mas um mau poeta não pode dar-se ao luxo de ser realista e arriscar ofuscar a beleza que seus versos sem brilho têm para algumas pessoas que não percebem como são medíocres tais palavras.
- Mas o que dirias se ela dissesse não merecer tais palavras? Pois ela também poderia achar-te um bobo como me pareces agora.
- Eu diria...

Consegues derrubar-me com uma palavra
Consegues reerguer-me com um sorriso
Podes tudo o que queres
Basta que digas
Se não teagradam meus versos
Eu me abstenho


- Não deves ser tão submisso.

Não desejo que minhas palavras
Pareçam uma confissão de dependência
Nem que minha poesia medíocre
Seja encarada apenas como lamento
Mas como declaração de amor
Mesmo que já declarado


- Já declarado? Por que insistes em um caso sem reciprocidade?

O que mais poderia escrever
Se não amasse ainda?


- Por que escreves ainda? O que esperas dela? Pelo pouco que ouvi posso dizer-te que é impossível conseguires tê-la. Apenas esqueça-a e serás um sujeito melhor. Não tens talento como poeta, não tens sorte no amor, e ainda juntas as duas coisas. Desconheço fracasso maior. Desiste de amar, desiste de escrever, e segue tua vida.

Não espero mais nada
Não me humilho mais
Também não sofro mais
Mas ainda amo