sexta-feira, fevereiro 03, 2006

nussa, tem um tempinho que a gente não posta....
mas não, nós não abandonamos o blog u.ú
não tão cedo. não antes de pentelhar todo mudno com ainda mais textinhos nossos.
a quem comentou.. muito obrigada. por mim e pelo may

aí vai mais um textinho. é parte de uma série XD~ mas eu nunca fiz o resto...
e a poesia que a sarah fala foi escrita pela minha queridíssima amiga liv \o/
liv.. amo você, pequena.
e vale lembrar que esse texto foi escrito de presente de aniversário pra iiiiiiisa =*** já há um bom tempo o.O



Ocean soul

“Should I dress in white and search the sea
As I always wished to be
One with the waves – an ocean soul”
Ocean Soul, Nightwish

Corria solitária e silenciosamente, a areia da praia alojando-se entre seus dedos brancos. Lágrimas. Lágrimas para todos os lados! Vindas de todas as direções possíveis e imagináveis: do céu, do mar e de seus olhos.
- Rosa, símbolo do amor
Rosa vermelha,
Feita de sangue
Sangue inocente
Derramado por amor... - balbuciava, entorpecida, antes de sentir um nó apertar-lhe a garganta e soltar um soluço involuntário. Levou a mão trêmula até a boca e diminuiu o ritmo dos passos, as pernas já sem forças para prosseguir.
- Amor que não existe
Consiste apenas em uma lembrança...
Uma rosa,
Minha herança
Sentiu o peso de seu corpo desabando sobre os joelhos. As duas mãos agora cobriam todo o rosto alvo e angelical, abafando o pranto angustiado e escondendo a fraqueza de seus olhos, que já não estavam mais brancos, mas sim vermelhos como a rosa que carregava presa a seu vestido ou o sangue que constantemente arrancava de si mesma. Os resquícios de uma onda já extinta atingiam seu vestido branco, encharcando o tecido que conseguia alcançar. O mar estava inquieto aquela noite; castigava, furioso e impiedoso,cada palmo de areia das margens, fortalecido pela água da chuva. Aliás, toda a natureza parecia se unir em um pacto negro, almejando ferir cada ser ou objeto que atravessasse seu caminho.
Sarah sorriu ao sentir o vento gelado cortar a pele sensível de sua face. A natureza era sua aliada. Dera-lhe sua roseira, e agora lhe ajudaria a descansar. Finalmente, tudo estaria como nunca deveria ter deixado de estar. Ela seria reduzida a uma mera lembrança, um suspiro levado pelo vento. Voaria por toda a terra, finalmente livre do peso de impedir a felicidade de alguém e livre também daquele que impedira a sua.
Com o olhar perdido, numa espécie de transe, começou a arrastar os joelhos pela areia molhada até reerguer-se e então recomeçar a caminhar, desta vez com passos lentos, quase deslizando pela superfície como um anjo em meio à escuridão.
- O vento carrega,
Aos poucos
Suas pétalas
Se ela estivesse realmente enxergando alguma coisa, diria que seus cabelos lhe atrapalhavam a visão apesar do vento feroz jogá-los para trás... Mas não estava. Só enxergava a escuridão do oceano fundida à negritude do céu em prantos.
- Leva o que o tempo não levou
Apaga o que o fogo não apagou
Arqueou as costas, a pele de sua nuca arrepiando-se de frio. A água já lhe atingia os joelhos. O fim tão esperado estava próximo...
- A beleza se foi
Só me restam agora os espinhos,
A dor de perder esse amor...
Mesmo sabendo que ele nunca existiu
Um sorriso estranho e sinistro jazia, estampado em seu rosto, desenhado pelos lábios já roxos e trêmulos. Natureza bondosa... Sua amada aliada...
- E com eles a me perfurar
Sonho em um dia poder
Rosa me tornar
A rosa rubra e inerte escorregou por entre seus dedos e afundou, desaparecendo em meio à água e deixando para trás a maioria de suas pétalas, que a jovem deixou voar com o vento. Em breve, seria ela a voar com o vento...
- E quem sabe assim me juntar
A quem por mim sangue derramou.
Uma onda a atingiu em cheio nas costas, fazendo-a tombar. O gosto salgado e amargo do mar invadiu sua boca sem aviso, mas ela já estava acostumada. Lágrimas também eram salgadas e amargas, afinal. As poucos, foi afundando, arrastada com força pela correnteza e atingida freqüente e impiedosamente pelas ondas. Doía. Céus, como doía. O frio, as pancadas, a falta de ar... Tudo.
Sentiu vontade de gritar, mas não conseguiu. Por mais que tentasse, não conseguia mais manter seus olhos abertos! Não eram só os olhos, mas todo o seu corpo se recusava a obedecer suas ordens. Algumas feridas que fizera no dia anterior haviam se aberto, mas não sangravam. Apenas doíam, latejavam.
Seus braços e pernas formigavam, e uma estranha e engraçada sensação de torpor apossara-se dela. Estava zonza, não duraria mais nem um segundo consciente. Já não lhe restava mais nada, nem tempo. Era tarde demais para voltar atrás, para seu alívio. Dessa vez, havia conseguido. Finalmente, depois de anos de covardia. Sorriu mentalmente antes de tudo dissolver-se diante de seus olhos, preparada para o fim, que aguardava de braços abertos...
De repente, sentiu-se empurrada para a superfície, e, logo em seguida, envolvida por dois braços quentes e protetores. Seria um anjo buscando sua alma? Como seria o rosto de um anjo? Devia ser realmente reconfortante vê-los sorrir ternamente. Mas não tinha forças para abrir os olhos. Estranho. Já estava morta, deveria estar livre de todas as dores, toda a fraqueza que lhe afligia o corpo enquanto estava viva. E onde diabos estava deitada? Sim, não estava mais à deriva, já não podia mais sentir o mar castigando-lhe a pele. Estava deitada suavemente sobre uma superfície dura, e uma espécie de cobertor fora posta sobre seu corpo. Era tão quente e confortável... Mas ainda assim, sentia frio!
-Shhhhhhhhhhhhhh... Vai ficar tudo bem, eu espero. Você é maluca? Bem, não é a melhor hora para lhe perguntar as razões para ter feito essa maluquice. Deixa para outra hora. Você é tão bonita... Não devia se arriscar tanto. Devia, sim, fazer uma estátua de si mesma e guardar em um lugar seguro, para que seu rosto não caia no esquecimento. Assim como eu devia me internar em um hospício.. Estou ficando louco... Onde já se viu, falar com jovens suicidas e desacordadas quando deveria estar remando de volta para a costa? Ah... Quem se importa?
Que espécie de anjo tagarela era aquele? Tão diferente do que ela costumava pensar... Sempre pensara que, quando morresse, um anjo cantaria em seus ouvidos e diria, num sussurro leve como uma brisa, que sua mãe esperava por ela em algum local não muito distante.
Onde estava sua mãe? Não estava esperando por ela? Se estava, o anjo não queria lhe avisar. Anjo esquisito, aquele. Sim, era inegável que sua voz era calma e reconfortante, mas ainda assim, ele era um anjo estranho.
Ouviu um barulho, e logo em seguida, parou de sentir o mar se agitando por baixo da superfície na qual estava deitada. Que estranho...
-Será que você vai mesmo ficar bem? Está tão fria que, se eu não tivesse sentido seu pulso, diria que está morta.
Ainda falando, o anjo a abraçara, envolvendo-a com algo quente e macio que parecia ser seu par de asas. Curtas demais para serem asas, é verdade, mas o que mais seriam se não asas?
-Minha... mãe........ – balbuciou, tão baixo que mal se podia ouvir.
-Ah.. Acordou, é? Que bom.
Com dificuldades, Sarah abriu os olhos. Primeiramente, não viu nada além de vultos estranhos e disformes, mas depois as imagens foram se organizando, e então pôde ver seu anjo. Não era muito diferente de um garoto normal, com grandes olhos castanho-esverdeados que a fitavam, preocupados. Os cabelos eram ondulados, da cor do mel, ultrapassando por pouco a altura dos ombros e a pele era ligeiramente bronzeada.
-Anjo..?
O menino-anjo riu alto.
-Não, não sou um anjo. Sou só um pobre mortal que estava passando por aqui, pensando na vida quando viu uma louca indo ao encontro do mar e resolveu dar uma de herói e salvá-la.
Uma lágrima solitária escorreu pela face de Sarah.
-Eu... você... você não devia! Devia ter deixado! Por quê fez isso comigo? Seu.. eu te odeio...... – apesar de estar falando baixo e pausadamente, seu tom de voz era carregado de ódio e rancor.
-Tá, grite comigo depois, ok? Já que atrapalhei seus planos, deixe eu fazer o serviço completo e te ajudar. Onde você mora?
-... Não quero ir pra lá.
-Como se chama?
-Sarah...
-Ah. Meu nome é Julian. Vem. Vou te levar para algum lugar e cuidar de você. Seus pais não ficam preocupados?
-Não é do feitio de meu pai se importar com alguém...
-Ah. Acho que entendi por quê você queria que o mar te engolisse. De qualquer forma, vou te ajudar. Sabe, a vida pode ser realmente legal, se assim quisermos, sabia? Ela é como queremos que ela seja.
-Ilusão...
Julian sorriu.
-Não fale. Conversamos mais tarde, ok?
Mal ele acabou de falar e a jovem fechou os olhos, perdendo novamente a consciência.
-Hum... Boa garota.
E então, o jovem Julian suspirou e pegou-a no colo. Por que sentira aquela vontade repentina de ajudá-la, ele não sabia. Mas sabia, sim, que, a menos que estivesse muito enganado, os dois teriam muito o que conversar e compartilhar... Ele e aquele misterioso anjo alvo que ele salvara da morte.

Fim



beijos, e comentem =**

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá minha filinha linda...

Eu lembro desse texto... Lí ele faz, tanto tempo, mas me lembro...De como doeu em certas partes lê-lo... por emoção.. esse texto está absolutamente lindo...
Então... deixo aqui meus cumprimentos e parabens a ti filinha... continue assim q você só tem a melhorar e se tornar uma grande escritora.
Beijos...

Duh

Anônimo disse...

* chora* oceann souuuuullll i.i
perfeeeeect *______________________________*
quanto tempo nao ouvia falar na sarinha ><
foi abandonada
.. li e reli o texto trilhoes de vezes... perfeito perfeito perfeito!

Bjao amyyyy xDDDDDDDD

Maycon disse...

sem comentários

tina oiticica harris disse...

Segui seu link do HMD. Creio que há muito potencial no conto e algumas frases curtas foram lindas demais. Preferia que o tema não fosse suicído por motivos pessoais. Pelo menos teve final feliz. Fiqque imuito impressionada também com o nível do português do texto, excelente, raro de encontrar por aí. Agora vocês podem visitar meu blogue, que não é sério como o de vocês. Recomendo o terceiro conto, Clara, no meu blog. Só pra vocies trem uma idéia há vários blogs linkados à direita. Minhas felicitações e desejo de boa sorte pra vocês.