Absorto nas contradições urbanas, de espaço, de relações sociais, de cenário, tudo incomodava, mas nada que pudesse tomar minha atenção de forma exclusiva, nada em particular que me movesse a apontar "isso está errado". Todo o conjunto me causava uma sensação de fastio, altamente indigesto para a hora da refeição mais importante do dia.
Tudo tão habitual, que eu já me armava do conformismo meio pesaroso, meio preguiçoso, como que para me esconder por trás de um escudo de insensibilidade, não como um ideal para a vida, mas para tolerar a rotina.
De um lado, uma fila considerável de carros enormes e caros, tão grandes quanto os egos de seus proprietários. De outro, uma pista convidativamente vazia.
Foi então que, para interromper e contrastar ousadamente à barulhenta morosidade dos automóveis, e ao apático e modorrento cinza do concreto, fez-se notar a figura da ciclista.
E restituiu-se-me o sentido da palavra: deslumbrado.
De um lado, uma fila considerável de carros enormes e caros, tão grandes quanto os egos de seus proprietários. De outro, uma pista convidativamente vazia.
Foi então que, para interromper e contrastar ousadamente à barulhenta morosidade dos automóveis, e ao apático e modorrento cinza do concreto, fez-se notar a figura da ciclista.
E restituiu-se-me o sentido da palavra: deslumbrado.
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