Post novo, ou meio-post... sei lá. Esse aí meio diferente, num sei. Vou postar a segunda parte assim que eu tiver alguma ideia (ruim, que seja) de como termina essa bagaça aí. Provavelmente até a próxima quinta-feira ou sexta-feira.
Bjos =*** e comentem!
*segredinho pra vocês: dia 7 é aniversário da Amy (e Amy não é apelido de internet não, eu realmente chamo ela assim)*
Uma dose de whisky barato
Quantas lembranças boas daquele lugar, daquelas pessoas, de sua família, de sua infância. Finalmente voltava para um lugar que poderia chamar de seu, um lugar acolhedor que poderia chamar de lar.
Ainda era jovem, e havia se divertido como nunca imaginou antes, mas cada vez que lembrava dos sorrisos que ficaram pra trás sentia uma saudade muito boa. Então, por que não voltar e revê-los?
Sempre foi muito decidido sobre o que fazer, e enquanto se questionava sobre isso já estava cavalgando através dos desertos montado num trovão.
Como era boa a sensação que Bernard sentia ao pilotar sua Harley-Davidson FXR naquelas rodovias desertas, de retas tão distantes que se perdiam de vista.
Sentir o asfalto deslizando por sob as rodas de sua motocicleta, ver a linha do horizonte sendo distorcida pelo calor, sentir o vento batendo no rosto desprotegido e queimado pelo sol e os cabelos compridos chacoalhando em sua nuca eram as sensações que mais lhe faziam se sentir importante e imponente.
O mundo pertencia a ele, e o mundinho que queria ver agora era aquele lugar de suas lembranças.
Uma lágrima carregada pelo vento deslizava em direção às suas orelhas e o Sol se punha à sua frente. Até o Sol estava a seus pés.
Apreciando a paisagem e ao mesmo tempo pensando no que iria encontrar no fim dessa estrada. Apesar no fim dela parecer nunca estar lá, um dia, ele sabia, a estrada terminaria.
Pode-se dizer que estava feliz, ansioso, receoso talvez, mas certamente animado. Sorria, e o vento cortava seus olhos, que lacrimejavam, talvez de emoção, mas ele preferia acreditar que era realmente o vento.
Deu uma risada e uma leve acelerada. Berrou algo como “yeaaaah” com todas as forças que seus pulmões podiam agüentar, soltou uma das mãos do guidão e tateou a jaqueta de couro procurando pela garrafinha de Jack Daniel's que estava fechada com uma rolha. Desarrolhou-a com os dentes e tomou a ultima dose de um só gole. Sacudiu o braço e atirou a garrafa ao chão que se espatifou e espalhou pedaços de vidro pelo asfalto preto.
Olhou para trás e o céu já estava escuro ao leste. Deu “boa noite” e “até logo” às luzes da última cidade que sumia de vista e encarou a estrada a sua frente.
A noite avançava e, impiedosamente junto com ela, o cansaço.
Parou no primeiro bar que encontrou a beira da estrada. O lugar era pequeno e escuro (como em todo bar clichê em beira de estrada), mas ainda assim acomodava facilmente duas mesas de bilhar, umas três prostitutas, uma prateleira com todo tipo de bebida barata (provavelmente contrabandeada) e muitos encrenqueiros.
Sem demonstrar nenhuma emoção ao ver um bêbado quebrando uma garrafa na cabeça de um bigodudo que tinha os olhos vermelhos e o nariz sangrando, Bernard entrou empurrando a porta com um dos pés. Dirigiu-se diretamente ao balcão e pediu um café duplo e outra garrafa de Jack Daniel's. Só precisava se manter acordado por alguns quilometros.
Voltou para a estrada e pilotou por mais vários minutos. Parou para abastecer a motocicleta e urinou atrás de uma placa de limite de velocidade.
Faltavam ainda algumas horas para o sol voltar a surgir quando viu a placa meio enferrujada que dizia o nome que ele esperava ler. Parou, levantou-se, respirou fundo e decidiu que antes de procurar pelas pessoas tão queridas ele precisava tomar um banho. Elas mereciam.